terça-feira, 16 de junho de 2015

PODERES HUMANOS: UMA RELAÇÃO ENTRE AS
ESCOLHAS E AS PESSOAS DO TEMPO

O existencialismo se faz presente em áreas como a música de
Simon & Garfunkel e na série de Alan Moore. É no cinema, com a suntuosa
adaptação de Zack Snyder para Watchmen que nos deparamos com o crucial.
No verso: “(...) Quando meus olhos foram apunhalados pelo flash de uma luz de
neon (...)”, assim é quando o ser humano tem ciência do preço da liberdade de suas
escolhas.





  O singelo intento deste ensaio o qual se propõe é o de explorar de um modo
profundo, isto é, de uma forma mais demorada diante do que aqui se apresentará. A
análise aqui proposta é sobre a herança do filósofo francês Jean-Paul Sartre expressa no
escritor Alan Moore através da série em quadrinhos Watchmen, adaptada para o
cinema. Utilizando-se de “um olhar mais demorado” iremos demonstrar a relação que
há entre Jean-Paul Sartre - Alan Moore – Zack Snyder. Para isso se faz necessário um
preâmbulo acerca do momento histórico da série, e do momento histórico da própria
série, da filosofia de Jean-Paul Sartre e, do cineasta Zack Snyder.

  Comecemos a análise com o filósofo francês Jean-Paul Charles Aynard Sartre
(1905-1980). Filósofo contemporâneo, fez parte do chamado grupo “mestres da
suspeita” juntamente com Karl Marx (1818-1883), Freüd (1856-1939) e Nietzsche (1844-
1900) por revolucionar sobre a condição humana. A revolução, para Sartre, se dá no
momento em que este dizima com toda uma herança de séculos na história ao acabar
com um “eu interior e mais forte”. Sartre chega a esta conclusão ao enxergar a aparente
gratuidade da existência. Aparente porque, na verdade, ela encerra com qualquer
esperança sobre o sujeito diante do desejo deste Ser plenamente, quer dizer, de o ser
humano possuir-se plenamente como quem possui um objeto. Daí o porquê deste
filósofo ser reconhecido, e de ter sua filosofia tida, como existencialista.

  A notória influência existencialista no escritor inglês Alan Moore (18 de
novembro de 1953) que escreveu a série Watchmen se encontra sob o contexto dos
últimos anos da Guerra Fria. A Inglaterra viveu no ano de 1985 uma das maiores, se não
a maior, penalidade para seu futebol: seus clubes foram suspensos de competições
internacionais durante os próximos cinco anos, o Liverpool ficou suspenso por seis. O
ocorrido foi devido ao confronto entre as torcidas daquele time e a da Juventus de Turim
durante a final da Liga dos Campeões em que morreram trinta e oito pessoas e,
quatrocentas e cinquenta e quatro foram hospitalizadas. O contexto histórico da série é
o desta mesma década, isto é, um momento delicado devido ao clima da Guerra Fria,
com um detalhe: uma iminente guerra nuclear entre Estados Unidos e União Soviética.
Os personagens da trama são retratados como indivíduos verossímeis que, como
qualquer ser humano normal, e limitado, enfrentam problemas éticos e psicológicos,
lutando contra neuroses e defeitos próprios e de seus companheiros. A série foi
ilustrada pelo britânico Dave Gibbons (14 de abril de 1949) e ganhou vários prêmios
Kirby e Eisner, inclusive o de melhor série e, ainda conseguiu uma honraria especial no
tradicional Prêmio Hugo.

  Zachary Edward Snyder é diretor norte-americano, nascido em Green Bay,
Winsconsin em 01 de março de 1966. Estreou em 2004 com o filme “Madrugada dos
Mortos” e em 2006 conseguiu seu primeiro grande sucesso com “300”, adaptação dos
quadrinhos do artista-escritor Frank Miller (27 de janeiro de 1957). Em 2009 dirigiu
Watchmen, que foi considerado por muitos críticos como a melhor adaptação de
quadrinhos já realizada.

  The sound of silence é uma das músicas da trilha sonora do citado filme e ela
expressa muito bem a questão da contingência existencial nos seguintes versos
traduzidos: “(...) Mas minhas palavras caíam como gotas silenciosas de chuva/ E
ecoavam nos poços do silêncio (...)”. A música lançada em 1964 por Simon & Garfunkel
se encaixou perfeitamente na cena do enterro do personagem Comediante,
interpretado por Geffrey D. Morgan. A história desse grupo de super-heróis tem como
um dos núcleos reflexivos demonstrar a magnitude da contingência existencial. Ora, no
fim, é apenas o ser humano, solitário, com suas dúvidas, seus medos e, sua total
indeterminação.

  É neste contexto que a ligação Jean-Paul Sartre – Alan Moore se faz presente.
Por mais que o ser humano se faça presente, seja vencendo competições, seja lucrando
mais que seu concorrente, ou seja bocejando palavras, seja o que fizer, no fim não será
mais e o que tiver realizado não será mais do que inesquecíveis lágrimas nas gotas
silenciosas da chuva. O ser humano pode escolher ser o que melhor achar para si
mesmo, mas, seu preço, e diga-se, preço exorbitante, por essa liberdade de escolha é
que não há a mínima possibilidade de possuir-se. Na cena citada do parágrafo acima e
também no final da história o que possuem em comum é a contingência: o enterro de
um homem que serviu ao seu país, que teve, ao menos, uma filha, e que participou de
enésimos atos heroicos; do outro lado temos uma população, em que cada habitante
vive sua vida de conquistas, de decepções, de amores e de tantos outros feitos. Essa
parte da população tem suas vidas, suas histórias encerradas de um momento para o
outro devido a um planejamento friamente calculado pelo personagem Ozymandias,
interpretado por Matthew Goode.

  Agora, o que o Comediante, parte da população de Nova York e, por que não, os
demais super-heróis têm em comum? Foram livres para fazerem suas escolhas, para
serem aquilo que escolheram, mas, não o de realizar o poder de se possuir, e, por quê?
Porque o ser humano não se determina, que o diga o Comediante, afinal..., ele era um
estuprador?, ou era um soldado que serviu ao seu país?, ou ainda, foi um pai que, por
várias razões, não criou sua própria filha? É a indeterminação de Ser do ser humano que
produz poderes para que este projete para si mesmo o que desejar ser. Prova disso é
que um cachorro nasce e morre cachorro, porém, o ser humano nasce ser humano, isto
é, primeiro existe para depois escolher aquilo que fará dele seu essencial, isto é, sua
essência. O ser humano possui o poder de escolher morrer como mendigo, ou como
político, ou, como tudo isso devido às escolhas que fez na vida.

  Devemos parar de tentar nos possuir e aceitar nossa total indeterminação
fazendo as melhores escolhas. Se uma escolha deu errado, não se frustre, faça outra e,
se der errado novamente, faça uma outra, por que sempre há uma escolha, só não pare,
não fique frustrado, se lamentando. Aceite sua indeterminação, seja o responsável
único e maior de suas próprias escolhas, ou você acha que a consciência da existência
gratuita iria lhe cobrar menos? É como a dupla de folk Simon & Garfunkel escreveu,
ainda em 1964, no início de sua canção pois, no final da jornada de todo ser humano só
resta o som do silêncio e uma amiga: “Olá, escuridão, minha velha amiga/ Vim conversar
com você de novo(...)”.
Krevas Cobain.
Imagem de marquezelli.wordpress.com.

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Somos 01 (UMA) democracia

 


 A questão a que se propõe este texto é: há quanto tempo não somos representados, como povo? Aliás, deixe-me reformular a pergunta: em algum momento da história desse país, em que a democracia se firmou como modo de governo, o povo foi REALMENTE representado? Faço este questionamento em termos de que: será que os eleitos pelo povo atendem às REAIS necessidades deste?

Está mais explícito que nunca o descaso e a não representatividade daqueles que DEVERIAM representar o povo, que DEVERIAM representar seus anseios e as suas REAIS necessidades. Como podem os eleitos, de forma democrática, pelo povo ir de encontro às REAIS necessidades deste último? É realmente UMA democracia? Por que se for não estão atendendo ao suplício daqueles que lá os colocaram. Será que é uma democracia ao modo sul-americano, ou seja, um modo totalmente adverso àquele que aprendemos nas escolas? Esta questão se faz notória uma vez que esta "democracia" atende - em maioria absoluta de toda a história desse país - a uma camada da sociedade que não é a maioria da mesma, o que é pior!

Faço minhas as palavras do saudoso Gabriel, O Pensador: "Até quando?". Até quando este povo reacionário - que é o máximo que nós brasileiros conseguiremos chegar - irá aceitar os desmandos de "seus" representantes? Porque estamos deixando essa "democracia" acontecer? O que nos impede? Será que ainda não perceberam que quando exigimos, que quando saímos às ruas - como foi o Junho de 2013 - esses "representantes" do povo ficam temerosos só de suspeitar que PODEMOS ter consciência de nosso poder, de nossa força?!!

Krevas Cobain.